nova manhã,
novo traço,
sigo a listrar a página de fundo branco,
como todos fazem, todos os dias...
pensar em linhas curvas,
linhas curtas,
linhas longas e linhas trêmulas,
ilustram bem o dia-a-dia, a vida...
pensamos as vezes em escrever histórias,
as vezes no porque das histórias,
relemos as vezes, nossa própria história...
podíamos talvez, apenas, rever nossos traços,
já que desenhos, mostram mais que palavras,
... facilitam o entendimento...
deixaríamos de tentar ler idiomas que não conhecemos,
para admirar figuras, que são universais...
...
temos fases de linhas longas,
que marcam profundamente e se destacam,
ocupando boa parte da nossa caricatura de vida...
mas temos fases também curtas,
que as vezes precisamos prestar muita atenção para ver,
apesar de que, as vezes, algumas dessas, estejam reforçadas por traços mais fortes,
também destacando-se...
temos fases turbulentas,
em que as linhas, confusas e sem direção, podem riscar outras,
cruzando histórias, interagindo memórias...
acontece...
talvez, isso explique,
talvez, confunda...
mas é bom parar para pensar que,
ao vermos que a vida, de repente, possa parecer não ir a lugar algum,
talvez seja o desenho dum círculo necessário,
para que mais a frente, a visão de nosso quadro, fique mais agradável
é bom pensar que,
talvez gostemos de trabalhar com linhas,
ou talvez com pontos,
ou talvez com um grande rabisco sem sentido,
mas que, parte de cada um, o rumo da própria obra
sobre tais desenhos,
ainda pensamos que,
talvez alguns possam parecer pobres,
que possam ter poucas linhas, que possam ter um fim inesperado,
como uma linha quebrada...
mas alivia pensar que,
nossas linhas, refletem noutras páginas,
e que,
mesmo um retrato de apenas um ponto num centro perdido,
pode ter sido o fruto dum grande risco,
que ocupa boa parte e interfere em toda uma outra imagem.
